Thursday, November 24, 2005

O Estado Russo toma medidas para retomar o controle sobre os setores estratégicos

Neil Buckley

A tentativa do Governo Russo em colocar oficiais do estado no controle da Autovaz, a maior fabricante de carros do país, comprada confidencialmente, indica uma ampliação do movimento do ano anterior de retomar o controle dos setores estratégicos da economia.

Rosoboronexport, uma agência governamental de exportação de armas, dirigida por um amigo de Vladimir Putin, Presidente russo, e a Vneshtorgbank, de propriedade do Estado, receberam ambas diretores nomeados dentro do mais alto escalão de direção da Autovaz, que fabrica o carro Lada e tem vendas anuais de U$5,6 bilhões. O Estado pode chegar ao fim com a maioria das 12 cadeiras, após uma assembléia extraordinária em 22 de Dezembro.

As ações da Autovaz, que é 64% de propriedade de companhias associadas, subiu aproximadamente 50% depois que Vladimir Kadannikov, chefe executivo, renunciou a três semanas atrás, gerando especulações sobre uma mudança de propriedade. Mas, elas regrediram, nos últimos dias, aumentando a preocupação do controle do Estado.

Há um ano, o Governo Russo começou a estender seu controle sobre a economia, focando setores de petróleo e combustíveis, mas expandiu-se muito além dos recursos naturais e de manufaturados, incluindo negócios que os analistas acreditam sejam de pequeno valor para o Estado.

A política emergiu em dezembro de 2004m com o leilão forçado da Yuganskneftegaz, o maior grupo de produção da Yukos, companhia de petróleo fundada por Mikhail Khodorkovsky, ex-presidente da petrolífera, agora na prisão por fraude e sonegação de impostos. Ela foi vendida por U$9,35 bilhões para Rosneft, companhia petrolífera estatal.

Neste outono, o Estado gastou U$7,5 bilhões ampliando sua participação na Gazprom, grupo de gás natural, de 39% para 51% . A Gazprom, então gastou U$13,1 bilhões comprando 75% da Sibneft, a quinta maior empresa petrolífera russa, de Roman Abramovich, proprietário do Chelsea futebol clube.

Após poucos dias, a Gazprom revelou outro possível alvo: ela quer adquirir os outros 50% que ainda não detem da Slavneft, outra grande produtora de petróleo.

O Estado tem assegurado, também, outro trunfo julgado estratégico, que permanece em mãos russas. O poder de competição da Rússia bloqueou os planos da Siemens, da Alemanha, de ter uma participação na Power Machines, uma fornecedora de turbinas nucleares para submarinos russos, de Vladimir Potanin, um dos oligarcas, que fez fortuna durante o programa de privatização da Rússia nos anos de 1990.

O interesse na Power Machines ocorre desde que foi vendida para a Unified Energy System, uma empresa geradora de energia elétrica.

Tem havido especulações no mercado financeiro de Moscou, de que, Norilsk Nickel, principal trunfo de Potanin, deve ser adquirida pela Alrosa, o monopólio russo de diamante, no entanto, isso foi desmentido na terça-feira por Alexei Kudrin, ministro das finanças russo e presidente da Alrosa.

Mês passado, Kamaz, o maior fabricante de caminhões, foi nomeado “assessor estratégico” por decreto do primeiro ministro, Mikhail Fradkov.
Isto reverteu um plano anunciado somente em agosto, pelo Ministro da Economia russo, para privatizar parte da Kamaz, no próximo ano.

Para acrescentar mais, o papel de expansão do Estado reflete o objetivo do Sr. Putin de conter os oligarcas, que ocuparam uma grande fatia da economia russa nos anos de 1990 e usaram sua força para ganhar influência política. Contudo, há um elemento ideológico.

Pessoas que conhecem o Sr. Putin dizem que ele é fortemente influenciado pela recuperação econômica da Alemanha no pós-guerra, conduzida pelos líderes nacionais do controle estatal.

Numa tese doutoral na década de 1990, o Sr. Putin esboçou uma visão de corporações “financeiras-industriais” público-privadas, que explorariam a capacidade mineral da Rússia.

Alguns observadores avisam que dando a um pequeno grupo oficial – incluindo membros do “staff” presidêncial – o controle sobre as grandes decisões e o fluxo de caixa, o Sr. Putin está criando uma classe de novos oligarcas.

German Gref, Ministro da Economia, tem falado na idéia de expandir o papel do Estado na economia “Neanderthal”. O presidente menospreza tais sugestões. Ele falou a um grupo de jornalistas estrangeiros, em setembro, que os oficiais colocados nas chefias das companhias não estão obtendo “lucro pessoal”.

Chris Weafer, estrategista chefe no Alfa Bank, baseado em Moscou, alerta que o Estado está mostrando um sinal potencialmente preocupante de mover-se além dos setores genuinamente estratégicos para apoiar fortemente os fabricantes de bens e utensílios.

A falta de clareza sobre quais industrias o Kremlin considera estratégicas, diz ele, pode afastar investidores estrangeiros.


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