Badri e Berezovsky: luxo e muito mistério

Cercados por luxo, polêmicas e muito mistério. É assim que vivem os dois principais investidores da MSI no Corinthians: Badri Patarkatsishvilli e Boris Berezovsky. Em Londres, as reuniões que ocorreram semana passada entre os dirigentes do clube e a MSI tiveram como cenário um palácio de Badri, a uma hora de carro do centro e cercado por muita segurança. Cada um com seu estilo, os dois magnatas compartilham de um só interesse no futebol: lucros.
Nascido em Tbilisi, Badri, 53 anos, é um dos homens mais poderosos da Geórgia. Além de ser dono do Dínamo Tbilisi, com o qual o Corinthians tem um contrato de cooperação, controla vários setores da economia e tem peso político para definir integrantes dos postos mais altos do governo.
Badri, como faz com todos os seus convidados, levou os hóspedes brasileiros em um pequeno jipe a percorrer seus dois hectares de jardins perfeitamente aparados, no terreno onde possui seu castelo e inúmeros empregados. Sobre o local de residência de Berezovsky, nada de simplicidade: um apartamento a poucos metros do Palácio de Buckingham.
Do russo fala-se de tudo. Desde o fim dos anos 90 vem sendo acusado de interferir no futuro político de seu país. Em Londres, recentemente, causou uma polêmica ao se reunir com um dos irmãos de George W. Bush, presidente dos EUA. O motivo da conversa: investimentos no setor de petróleo. O presidente russo, Vladimir Putin, inimigo de Berezovsky, ligou para Bush para se queixar do encontro, mas ouviu do chefe da Casa Branca que os negócios de seu irmão não eram assuntos de estado.
Badri e Boris trabalharam juntos há anos e em vários negócios, inclusive um canal de TV em Israel. Um dos primeiros foi a criação de uma empresa de revenda de carros.
Na relação com o Corinthians, quem entende de futebol é Badri. Boris se classifica como um "simples empresário", que, além de ganhar dinheiro, quer entrar no mercado milionário do futebol. Suas decisões são baseadas em interesses financeiros.
Se os locais de discussão do futuro do Corinthians se assemelham a cenários de filme, o local escolhido pelo presidente Alberto Dualib para se hospedar em Londres não poderia deixar de ser mais excêntrico. Trata-se de um dos hotéis mais luxuosos da Europa, com diárias mínimas de US$ 500. Entre príncipes árabes, magnatas europeus e atores de cinema seguidos por paparazzi, Dualib parece nem se importar ao gritar do hall do hotel pelo telefone: "Temos ou não 2,5 milhões para essa compra?"

(O Estado de S. Paulo, Esportes, 04/09/2006)