Monday, March 20, 2006

Autoridades atacam oposição com “slogans” anti-oligarcas

As autoridades da Geórgia lançaram mão de slogans anti-oligarcas e de uma campanha disseminada para repelir os reiterados ataques da oposição contra múltiplos assuntos, disseram os líderes da oposição. Alguns analistas supõem que a política anti-oligárquica adotada pelo governo poderia ter ainda objetivos mais abrangentes, do que apenas desacreditar certos grupos de oposição.

A Secretaria do Parlamento aprovou o requerimento de congressistas do partido do Movimento Nacional (de situação), em 20 de março e instruiu o Comitê para Assuntos Processuais (Committee for Procedural Issues) para investigar as atividades comerciais do parlamentar Valery Gelashvili do Partido Republicano, oposicionista.

O prefeito da capital Tbilisi Gigi Ugulava disse em 18 de março que a companhia de construção Evra, fundada pelo parlamentar Valery Gelashvili, a quem ele descreveu como oligarca, poderia estar por trás do fogo, que destruiu uma das escolas no distrito de Avlabari de Tbilisi, em 18 de março.

Ugulava disse que a empresa de construção do parlamentar Gelashvili queria a posse do terreno onde a escola estava localizada. O membro parlamentar Gelashvili, entretanto, negou as acusações, prometendo que irá processar o prefeito de Tbilisi por calúnia.

Em 19 de março, Ugulava promoveu acusações e disse que os oligarcas serão liquidados de uma vez por todas e os políticos georgeanos nunca serão novamente objeto de suas manipulações e chantagens.

Essas acusações de Ugulava seguiram-se a uma afirmação do Presidente Saakashvili, que, em 16 de março, disse que as recentes exigências da oposição para a renúncia do Ministro do Interior Vano Merabishvili foram provocadas pelos esforços das autoridades para controlar as “oligarquias muito bem-organizadas, incluindo a capital oligárquica russa”.

Valery Gelashvili, um abastado homem de negócios, uniu-se ao Partido Republicano em junho passado em meio a uma disputa financeira entre a companhia Evra e autoridades federais da construção. Menos de um mês depois, em 14 de julho de 2005, o parlamentar Gelashvili foi atacado por homens armados desconhecidos no centro de Tbilisi e severamente espancado. O caso ainda não foi investigado. A oposição culpa as autoridades de planejar esse ataque.

Parlamentares do partido do Movimento Nacional enfrentaram árduas críticas de Gelashvili, em 20 de março.

Valery Gelashvili muito provavelmente será destituído de sua credencial de membro parlamentar, se o Comitê Parlamentar para Assuntos Processuais provar que ele está diretamente envolvido com a direção da companhia Evra, o que é uma violação da lei.

A oposição, contudo, já traçou uma campanha contra o membro parlamentar Gelashvili em resposta à “política de repressão” contra parlamentares oposicionistas. Líderes de oposição dos partidos dos Novos Direitos, Conservador, Republicano, do Trabalho, Liberdade e Caminho da Geórgia reuniram-se em 20 de março para conjuntamente condenar as acusações das autoridades.

A oposição também afirma que as acusações das autoridades objetivam tirar a atenção pública do caso de assassinato de Sandro Girgvliani.

"As autoridades estão tentando levar à frente repressões políticas contra oponentes e lançam campanha para ofuscar sua ineficiência enquanto lidam com numerosas questões problemáticas", disse o membro do parlamento do Partido Republicano Davit Berdzenishvili em uma coletiva de imprensa com outros líderes oposicionistas.

"Eu alertei as autoridades para abrir seus olhos; pois tais métodos não trarão nada de bom para o nosso país. Nós (a oposição) iremos nos unir e cooperar rigorosamente para lutar conjuntamente para por fim ao regime de terror político em nosso país”, disse o parlamentar Koba Davitashvili do Partido dos Conservadores.

O repórter da RFE/RL serviço da Geórgia e analista político Ia Antadze argumenta que as táticas “anti-oligarcas” das autoridades poderiam também ser um tipo de aviso ao influente magnata financeiro e da mídia baseado em Tbilisi Badri Patarkatsishvili e sua estação de TV Imedi.

"Eu não impeço que esta (política) possa crescer numa campanha em maior escala envolvendo a Imedi TV, que é de propriedade de Patarkatsishvili e que recentemente tem oferecido alguma cobertura contra as autoridades, em particular o Ministro do Interior”, Ia Antadze disse à Geórgia Civil.

A notícia da TV Imedi indicou em 12 de Fevereiro que alguns funcionários de elite do Ministério do Interior poderiam estar ligados ao caso de assassinato de Sandro Girgvliani, o qual subseqüentemente resultou nas exigências da oposição para a renúncia do Ministro do Interior Vano Merabishvili.

O líder da oposição do partido dos Novos Direitos, parlamentar Davit Gamkrelidze também supôs durante o programa de entrevistas“Reação”, transmitido pela Imedi TV em 17 de março, que as autoridades poderiam atingir o canal de TV e seu proprietário Patarkakatsishvili.

O analista Ia Antadze disse também que uma intensa campanha anti-oposição poderia também ser um sinal de que a oposição, que sofre com o baixo apoio popular, “já importa mais ou menos” para as autoridades.

(Civil Georgia, http://www.civil.ge/eng/article.php?id=12123, 20/03/2006)