Dirceu com a máfia russa
Yeltsin era sobretudo um alcoólatra. Em 95, na campanha da reeleição (sempre a reeleição), Yeltsin precisava "fazer caixa" e resolveu privatizar todas as empresas estatais. Criou o programa "ações por empréstimo": "as estatais passavam ao controle acionário de empresários que, em troca, davam um dinheiro ao governo e acabaram ficando com as empresas todas".
E surgiu a "máfia russia". Da noite para o dia, apareceu lá uma dúzia de bilionarios a quem Yeltsin doou o país (um Fernando Henrique piorado): Khordokovski, "rei do petróleo", preso em Moscou; Abramovich, namorado da filha de Yeltsin, hoje o homem mais rico da Inglaterra, para onde fugiu; Berezovski, sócio de Abramovich, também fugido na Inglaterra; e outros.
Berezovski
Em 3 de maio deste ano, revelei que "o fantasma da máfia russa, Berezovski, desceu num jatinho em São Paulo, com o nome de Platon Yelenin, em viagem montada por José Dirceu, hoje metido em notórios negócios, para arranjar dinheiro da máfia russa para a Varig e a campanha do PT e de Lula".
No dia 19 de maio, revelei mais: "Berezovski, sempre acolitado por Dirceu, que esteve três vezes com ele, saiu às pressas do hotel sem as malas, foi preso oito horas pela Interpol e confessou que quer refugiar-se no Brasil".
Neste fim de semana, a "Veja" acordou e repetiu (bem) tudo que contei:
"A última de Zé Dirceu - Agora, ele negocia a venda da Varig com o enroladíssimo magnata russo Berezovski, exilado em Londres para fugir dos processos que sofre na Rússia por contrabando, lavagem de dinheiro e até de suspeita de assassinato. Quer pegar uma comissão de uns US$ 20 milhões e financiar a própria bancada (no PT). Está de volta à política como ele a entende: dinheiro. Quer convencer o governo a colocar R$ 100 milhões do BNDES na transação. Esteve com o presidente Lula na Granja do Torto".
Sebastião Nery
(DCI, 30/05/2006, p. A-10)
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