Wednesday, May 02, 2007

West Ham mantém Tevez, mas é multado em £5,5 milhões de libras

A desastrosa temporada do West Ham United piorou ainda mais ontem, mas à noite eles ainda conseguiram costurar um acordo com a Premier League permitindo ao atacante argentino Carlos Tevez jogar hoje contra o Wigan na luta para evitar o rebaixamento, depois de receber multa de £5,5 milhões de libras, pena sem precedentes no mundo, em meio à saga pesarosa de trazer o jogador a Upton Park.

Num dia incomum para um clube em uma temporada tumultuada, a Premier League desistiu de subtrair pontos do West Ham, mas lhe impôs uma multa histórica descrita pela comissão da Premier League por uma ação de "desonestidade e fraude". A multa de £5,5 milhões de libras para os hammers pode parecer draconiana, mas é para o clube se considerar afortunado pelo fato de não perder pontos, o que seguramente o condenadaria ao rebaixamento faltando só três partidas no certame. Eles poderiam ser multados em £8 milhões de libras se não admitissem sua culpa.

A Premier League também determinou o cancelamento do contrato de Tevez com o West Ham, por rompimento das regras da Liga, devendo ser encerrado, mas durante a noite executivos do clube conseguiram obter um novo acordo permitirindo-o jogar hoje. Eggert Magnusson, o presidente do West Ham, agora está empenhado em entrar com uma ação legal contra seu predecessor, Terry Brown, de quem comprou o clube em dezembro.

Os negócios feitos em agosto trouxeram o internacional Tevez e seu companheiro argentino Javier Mascherano ao West Ham, e uma conspiração subseqüente escondeu a natureza ilegal de seus contratos, que permaneciam sigilosos. Ontem, a comissão deixou clara a corrupção e a incompetência no coração do West Ham, permitindo manter negócios apesar do fato de se quebrar as regras da Premier League.

Entre os responsáveis, o relatório criticou a atitude contundente de Paul Aldridge, o antigo diretor geral, que, segundo a comissão apurou, sustentou uma "mentira deslavada" diante de Richard Scudamore, diretor geral da Premier League, sobre as transferências. Aldridge deixou o clube quando Magnusson o assumiu e, junto com Brown, poderá ser réu da ação legal do West Ham.

Scott Duxbury, o segundo homem chave no relatório, era à época diretor comercial e jurídico do West Ham , e ainda permanece no clube. Ele aparentemente desempenhou um papel extraordinário para enganar funcionários da Premier League quanto à natureza verdadeira dos contratos de seus jogadores. Embora Duxbury ficasse com a função de auditor depois da posse de Magnusson, sua posição passou a ser questionada.

Em todo o relatório da comissão, conta um investigador, a história maquiavélica é de um clube que na última semana de agosto 2006, na janela de transferências, "ocupou-se intensivamente" com a notícia de uma potencial mudança de controle e, então, repentinamente apresentou a possibilidade de adquirir duas estrelas internacionais. Neste espaço de tempo de pressões para fazer negócios mediou tratativas com as companhias que possuíam os direitos de Tevez e de Mascherano, rompendo com a norma U18 das regras da Premier League.

A violação à U18 - pela qual o West Ham foi multado em £2,5 milhões de libras - adverte os clubes sobre fazer acordos em que uma terceira parte possa ganhar influência sobre a equipe. O segredo da negociação feita por Tevez e Mascherano foi exatamente isso. Incrivelmente, dentro do acordo, MSI e Just Sports Inc. determinavam que Tevez poderia ser negociado na janela de janeiro deste ano por um pagamento de £2 milhões de libras ao West Ham. Nas transferências subseqüentes, as duas companhias poderiam intermediar sua venda em troca de £100.000 libras.

Do mesmo modo, Mascherano, que se transferiu para o Liverpool num negócio aprovado pela Premier League, também poderia ser vendido ao sabor da companhia que o possuía. GSA e Mystere Services Limited podiam determinar ao West Ham vender o meio-campo em troca de uma comissão de £150.000 libras. Submetidos a tais condições nem o clube que os recebesse, nem o West Ham, nem os dois argentinos, teriam qualquer escolha de como e quando partiriam.

Por assinar esses dois negócios, o West Ham imediatamente rompeu o dispositivo U18, mesmo que Magnusson e o gerente Alan Curbishley declarassem em seus depoimentos que eles nunca se submeteram à influencia das companhias dos jogadores.

O encobrimento que acompanhou os negócios era o que aterrissou no West Ham em ruptura à regra B13, determinando que os clubes agissem com "extrema boa-fé" entre si e com a Premier League. Isso certamente não aconteceu no comportamento do West Ham. A comissão disse que em conversas com o secretário geral da Premier League, Jane Purdon, Duxbury - Purdon alegou - exigiu-se grande empenho para ocultar a natureza verdadeira dos negócios.

A defesa de Duxbury foi extraordinária. Primeiro alegou nunca ter ouvido falar da regra U18 - apesar de ser o executivo jurídico do clube. Então, jogou a culpa em Aldridge que, ele alegou, o havia pressionado para não expor os detalhes dos acordos com terceiros. A influência de Aldridge despontou quando Scudamore indagou-o diretamente se havia qualquer envolvimento com terceiros interessados. O relatório apontou que o diretor geral da Premier League recebera "garantia categórica" de Aldridge que nenhuma transgressão acontecera. Sem surpresas, o relatório incrimina Aldridge, Duxbury e Brown, culminando na "farsa" de Aldridge diante de Scudamore. A pressa em assinar com os jogadores levou-os a ocultar os detalhes do negócio, e não apenas até janeiro, mas até quando Duxbury fosse a Magnusson passar a limpo que deveria ter enviado os contratos à Premier League.

O relatório levantou que muitos clubes sustentam que o West Ham merecia ter pontos subtraídos por tão flagrante descaso com as regras. No entanto, eles compadeceram-se de seus torcedores e da luta contra o rebaixamento nesta temporada. No contexto de um golpe duro o parecer mostrou-se notavelmente sentimental.

O montante das multas teve a intenção de criar um impedimento, assim como uma reflexão, quanto às vantagens ganhas através da assinatura com dois jogadores por praticamente nada - embora saiba-se que foram desembolsadas comissões com os agentes somando mais de £700.000 libras. Numa temporada em que eles ficaram divididos pela inquietação dos jogadores, e a demissão de Alan Pardew, que foi o pivô de uma disputa por seu controle, o West Ham pode se considerar afortunado pela punição não incidir em seu pontos.

Os clubes sob investigação: Outras multas pesadas

£1,5 milhão (Tottenham)

Os Spurs foram multados em £1,5 milhão de libras por irregularidades financeiras em 1994. A multa original era de £600.000 libras com uma redução de 12 pontos e a eliminação na FA Cup. As duas últimas sanções foram canceladas, mas a multa foi aumentada.

£300.000 (Chelsea)

£200.000 (José Mourinho)

£100,000 (Ashley Cole)

Por sua participação no escândalo de "mala-preta", Ashley Cole e José Mourinho foram multados depois de serem flagrados numa reunião no Grosvenor House Hotel em Londres em janeiro de 2005. O clube também recebeu uma multa pesada.

£175.000 (Arsenal)

O arsenal foi multado em £175.000 libras por não conseguir controlar seus jogadores depois de um jogo pela Liga em 2003 em Old Trafford (em partida contra o Manchester United). Martin Keown (£20.000), Lauren (£40.000), Ray Parlour (£10.000), o capitão Patrick Vieira (£20.000) e Ashley Cole (£10.000) foram multados por participarem da briga.

(The Independent, http://sport.independent.co.uk/football/premiership/article2491798.ece, 02/05/2007)