Sunday, April 30, 2006

Magnata russo: Visita a São Paulo pode ser investigada

Deputado chegou a acionar a polícia na tentativa de prender o investidor

Bárbara Souza
Lígia Formenti


O deputado estadual Romeu Tuma Jr. (PMDB) vai pedir que o Ministério Público Estadual (MPE) investigue a passagem de Boris Berezovsky por São Paulo. "Já entrei em contato com os promotores, que terça-feira devem começar a tomar as providências, a verificar os atos dele por aqui", disse o deputado. Ele vai tentar também pressionar o Ministério Público Federal (MPF) a concluir as investigações sobre a ligação de Berezovsky à MSI, parceira do Corinthians. O deputado é conselheiro do clube.

Segundo o MPE, o acordo entre o Corinthians e o fundo de investimentos mostra indícios claros de lavagem de dinheiro. Na noite de sexta-feira, Tuma Jr. acionou a Polícia Militar para tentar prender Berezovsky num hotel em São Paulo. "Eu pedi ajuda da Polícia Federal, não consegui. Pedi ajuda da Polícia Civil e também não consegui, então contactei a PM", disse. "Quando a polícia chamou reforços, ele foi embora, sem nem fazer o check-out."

O empresário Renato Duprat, braço direito de Berezovsky, negou com veemência a informação de que policiais teriam tentado prender o investidor russo no hotel. "Ninguém foi lá e ele também não fugiu. Tinha viagem marcada para sexta-feira à noite", garantiu. "Ele veio apenas porque eu o informei da situação da Varig e ele se interessou. Não tinha qualquer outro interesse", contou Duprat.

APF não atendeu ao deputado porque a vinda de Boris Berezovsky ao Brasil foi precedida de uma consulta feita pelo seu advogado a autoridades brasileiras. De acordo com o Ministério da Justiça, o advogado de Berezovsky entrou em contato com integrantes da pasta, há cerca de 2 meses, pedindo esclarecimentos sobre qual seria o procedimento necessário para o empresário visitar o País, numa viagem de negócios.

A resposta foi dada dias depois pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que também é da Comissão Nacional de Refugiados. Como o empresário havia obtido asilo da Grã-Bretanha, ele poderia circular no Brasil livremente.

O Ministério da Justiça informou que, na condição de refugiado, Berezovsky é protegido pela convenção 51 da ONU. Por isso, somente poderia ser preso se cometesse algum crime no País. E deportado se houvesse pedido de expulsão, o que não ocorreu.


COLABOROU M.R.L.

(O Estado de S. Paulo, Economia & Negócios, 30/04/2006)