Wednesday, March 29, 2006

Autoridades consideram magnata como um inimigo político

Críticas pronunciadas por influente veículo da mídia e pelo magnata financeiro Badri Patarkatsishvili, em 29 de março, foram imediatamente denunciadas pelas autoridades como um ataque à Geórgia pelos "oligarcas, Moscou e chefes do crime" e como uma tentativa "de chantagear o governo da Geórgia." Alguns analistas sugerem que o atual desentendimento seja um sinal de que o governo perdeu força nos negócios.
Badri Patarkatsishvili, o magnata fugitivo que é procurado pela Rússia, por acusações de fraude e, dizem que, estaria, desde 2001, investindo dezenas de milhões de dólares americanos na economia da Geórgia, assim que chegou em Tbilisi, acusou as autoridades de pressionar sua emissora “Imedi TV” e de cometer extorsão financeira contra seus negócios.
Patarkatsishvili estava falando em uma assembléia anual da “Federation os Georgian Businessmen” (FGB) em 29 de março. Este influente lobby, é presidido por Patarkatsishvili e reúne um grupo de 110 companhias.
Ele disse ao dirigir-se ao fórum que não tem mais a intenção de “manter o silêncio” sobre “os métodos que as autoridades recorrem" como também que "manter-se hoje silencioso é igual a um crime.”
Patarkatsishvili controla a holding de mídia Imedi, que reúne uma estação de televisão e rádio. Ele disse que os sinais de tensões com as autoridades começaram a aparecer logo após 12 de fevereiro, quando sua estação de televisão, Imedi TV, transmitiu detalhes sobre as circunstâncias do assassinato de Sandro Girgvliani, de 28 anos, chefe do “ United Georgian Bank ’ s International Relations Department ”, sugerindo que alguns altos executivos do Ministério do Interior poderiam estar ligados ao assassinato.
"Isto unicamente se transformou em razão de desagrado das autoridades, as quais forçaram os altos escalões financeiros a buscar uma prova de irregularidade em meus negócios e em minhas companhias, tentando coagir os jornalistas da TV “Imedi” e assim criar uma situação que mostrasse uma imagem favorável das autoridades envolvidas". Assim disse Badri Patarkatsishvili.
Recentemente, alguns parlamentares influentes do partido governamental, notadamente Giga Bokeria, têm repetidamente acusado a estação de TV ”Imedi" de fazer “cobertura distorcida" do desenrolar político recente do país.
Falando no mesmo fórum de negócio, Irakli Rukhadze, membro do conselho da Imedi TV, executivo principal da Salford Geórgia - uma companhia, segundo boatos, filiada aos negócios de Patarkatsishvili - disse que a gerência da televisão não poupa esforços para "despolitizar a Imedi TV."
"Recentemente eu ouvi que a Imedi TV se transformou em uma estação de televisão da oposição. Isto não é verdade. Esta televisão é um negócio. Nós decidimos deixar as atividades da Imedi TV totalmente transparentes e abertas para a sociedade; além disso, nós planejamos fazer um conselho aberto da televisão e convidar pessoas absolutamente imparciais e independentes, de modo que possam ver nossa tática editorial e nosso processo de tomada de decisão. A Imedi TV é uma empresa que tenta divulgar a notícia de forma imparcial, assim como, divertimento" disse Irakli Rukhadze.
Patarkatsishvili também acusou as autoridades de extrair dinheiro ilegalmente do empresariado para assim chamar 'Lei do Reforço dos Fundos de Desenvolvimento.'
O desenvolvimento do Exército e a Lei do Reforço dos Fundos de Desenvolvimento, foram lançadas na Geórgia, pouco depois da “Revolução Rosa” de 2003, para, como as autoridades declaram, coletar doações do “comércio patriótico” para aumentar as capacidades das Forças Armadas Nacionais e das agências de segurança legais. As autoridades, porém, dizem que esses fundos já foram abolidos e as informações sobre eles são transparentes.
Um destes fundos foi ajustado a maior no Escritório do Promotor Geral, onde um total de 160 milhões de Laris (1 dólar =1,82 laris; 1 libra = 3,47 laris) foi acumulado... Foi dinheiro dado por empresários como pagamento compulsório, e quase nenhuma operação deixou de sofrer essa cobrança... “Eu penso que nós temos o direito de receber a informação sobre a verdade e especialmente aqueles empresários que deram dinheiro para esses fundos de diferentes formas - muitos deles com carros, outros em espécie, outros em ações”. Assim disse Patarkatsishvili.
Temur Chkonia, Gerente Geral da Coca-Cola na Geórgia, que também controla o McDonald’s na Geórgia, disse na Assembléia que acha que aqueles "equívocos" das autoridades que foram mencionadas no discurso de Badri Patarkatsishvili, estavam provavelmente mais para "erros de determinados indivíduos do que da política oficial das autoridades."
"Eu não quero entender isto como uma política do Presidente, ou do Presidente do Parlamento, ou do Primeiro Ministro, o qual é dirigido para instalar estes tipos de fundos injustos e para estabelecer relações despropositadas entre o setor empresarial e o setor político... Erros são possíveis, mas nós devemos conjuntamente e construtivamente reverter estes problemas", disse Chkonia.
Patarkatsishvili disse também em seu pronunciamento, que sua declaração não deveria provocar irritação entre as autoridades, assim como suas "críticas construtivas" não estavam vindo "de um inimigo." No fim de seu discurso Patarkatsishvili tentou suavizar suas críticas elogiando os esforços do governo em desenvolver a economia na República Autônoma de Adjara.
Logo depois desta declaração, o Movimento Nacional Giga Bokeria convocou uma coletiva de imprensa e acusou Patarkatsishvili de chantagear as autoridades. Disse que as críticas de Patarkatsishvili foram desencadeadas pelo fato das autoridades georgianas impedirem que "ele se transforme um Don Corleone da economia georgiana."
"Parece que Patarkatsishvili não pode se esquecer de seu passado, quando,durante o governo de Boris Yeltsin, ele e seus amigos controlaram tudo, as autoridades, os negócios e adquiriram quantidades enormes de propriedade. Entretanto, a Geórgia de hoje não é a Rússia de Yeltsin. Ao mesmo tempo, a atual Geórgia não é a Rússia de Putin, onde os oponentes políticos são perseguidos ou presos, onde as televisões são fechadas. Eu quero realçar esta televisão, pois a liberdade de expressão é intocável. O Sr. Patarkatsishvili pode estar envolvido na política, negócios, mas ele não é capaz de chantagear as autoridades através da sua própria televisão e sua influência" disse Bokeria.
Bokeria acrescentou que com aquele pronunciamento de Patarkatsishvili, ele descobriu o magnata como "um líder e um patrocinador aparente da oposição."
O magnata fugitivo Patarkatsishvili começou a ganhar influência comprando ações de fontes independentes de mídia, e investindo em imóveis, e estabelecendo uma instituição beneficente. Ele também se tornou o Presidente do Comitê Olímpico na Geórgia.
Segundo dizem, ele conseguiu manter bons laços com todas as principais forças políticas no país, especialmente com as autoridades, tanto com a administração do ex-Presidente Shevardnadze como com a do Presidente Saakashvili. Os primeiros sinais do rompimento, entretanto, apareceram em abril de 2005, quando Patarkatsishvili admitiu que "uma rachadura apareceu entre o setor empresarial e o governo" depois que as autoridades aboliram os Tax Arbitration Councils, que foram vistos pela comunidade empresarial como a única entidade significativa e independente que poderia resolver disputas de imposto com o governo.
O analista político Ia Antadze defende que o recente rompimento muito provavelmente terá conseqüências políticas.
"Inicialmente, quando o governo controlava totalmente os negócios, não havia nenhum dinheiro deixado solto para a oposição e para a mídia, assim o governo, nesta situação, recebia benefícios de ambos os lados. Naturalmente, aqueles empresários, ou oligarcas, que ao menos parcialmente, perdem a influência das autoridades, começarão investindo na mídia e na oposição, o que certamente, gerará um desconforto para as autoridades", disse Ia Antadze.
Temur Iakobashvili, da comissão Georgian Foundation for Strategy and International Studies (GFSIS) supõe que o recente rompimento foi "principalmente economicamente motivado”. "Podem haver diversos cenários para outros desenvolvimentos. Patarkatsishvili pode até começar a financiar a oposição, ou sairá do país", Iakobashvili disse ao Civil Georgia.