Friday, October 27, 2006

Futebol inglês: muita ambição, mas pouca sabedoria

Marina Hyde
The Guardian

Há algo absurdamente elegante sobre o estilo do pecado capital da Associação de Futebol: “levar o jogo ao descrédito”. Alguns detestam caluniar excessivamente a reputação do futebol de 1º nível deste país, mas isto faz com que algumas opiniões sejam como “Blanche Du Bois” (dependem da gentileza de estranhos), esperando desesperadamente reforçar sua dignidade contra uma irrefreável maré de coincidências. “Você está me jogando no descrédito!” Ela poderia ter gritado ao insensível Stanley, que provavelmente teria podido recordar a ela que a difamação depende da suposição de que alguém tem uma reputação a defender.
Nós admitimos, é necessário apenas relembrar, que ter suportado uma temporada na qual o fiasco da Inglaterra na Copa do Mundo, deu espaço a uma série de autobiografias, quase que complexamente horríveis, de jogadores de futebol, cujos ruídos destrutivos permaneceram, todo o tempo, até a recente conquista de Rio Ferdinand, “o mais falado futebolista desta geração”.
E tanto é que, cada vez que você ouve que alguém está para ser “levado” perante a Comissão Disciplinar da Associação de Futebol, sob acusação de “envergonhar o jogo”, você pode se perguntar, sem nenhuma preocupação, como, na face da Terra, eles puderam dar um jeito maligno de difamar os velhos tempos. Que lugar restou para ir? Um campo podre?
Presumivelmente, é nesta campo que a FA (Associação de Futebol) tende a reagir a tudo, mas os mais perplexos pedem por uma intervenção que imponha sanções, porém, mesmo que, por seus critérios de decisão, não puna Jermain Defoe, por morder Javier Mascherano, durante a vitória do Tottenham contra o West Ham, no domingo, ele parece ansioso ao extremo. Naturalmente, nós podemos até concordar que essa agressão de Defoe em morder o braço do argentino foi meramente uma mordidela cômica, um exemplo da habilidade dental do jogador, divertindo bastante Martin Jol. Nós bem que podemos não acreditar na reclamação de Mascherano, tendo sido esta a pior coisa que lhe aconteceu desde sua chegada à Inglaterra. Afinal de contas, ele teve que suportar ao menos um jantar com o possível proprietário do West Ham, Kia Joorabchian.
Porém, um ponto está claro e até uma criança de sete anos - mesmo o Ministro dos Esportes Richard Caborn - pode ver que o incidente não fez maravilhas para a imagem do futebol. Contudo, a FA levou um dia inteiro para chegar à decisão de que segundo os regulamentos da Fifa não se pode fazer nada sobre isto. Se este desfalecimento ridículo na noite de segunda-feira pareceu maior com a inferência vinda na manhã de terça-feira, quando se divulgou que o árbitro da partida, Steve Bennett, não tinha mencionado o incidente no seu relatório, querendo dizer que a FA poderia ter tomado medidas sem cometer o pecado imperdoável de indispor Sepp Blatter.
O que pode tê-los confundido e os induzido à falha de responsabilidade? No registro, só o mais inflexível cínico descartaria a incompetência do idiota. O fracasso em colocar no relatório de Burns, a tentativa de Clouseauesque de empregar Luis Felipe Scolari, a desordem de Wembley – está tentando sugerir que, se alguém traz desordem ao jogo é a própria FA.
Naturalmente, devemos reconhecer o lado positivo. Nesta semana, as histórias que se acotovelaram por um espaço nas manchetes com Defoe, foram as que elogiavam as novas regras da FA para os agentes. O plano principal (e suportar junto comigo, se os mecanismos parecem misteriosos demais à mente legalmente inexperiente) abrange uma proibição de agentes trabalharem para mais de uma parte em um negócio, e uma restrição para que, membros da família do gerente envolvido em transferências do clube, possam agir. Isto levou apenas dois anos para surgir, e enquanto alguém insensatamente atrasado espera lutar contra o nepotismo e o abuso financeiro não investigado, inevitavelmente traça comparações com o primeiro tropeço da contra-reforma da Igreja Católica, quando Craig Allardyce quis tornar-se cardeal, e era, a rigor, para ser uma peça do rebanho do bispo. (Comparações com qualquer recente encontro pessoal com Sua Santidade Brian Barwick são violentamente maldosas. É uma tranqüilidade, o mantra continuara, dias antes para Steve).
Não obstante seja impossível levar à sério uma organização que recentemente autuou Joey Barton, do Manchester, que abaixou as calças para alguns fãs desagradavelmente clamorosos do Everton, e para não encontrar uma só palavra para falar sobre o pênalti ganho, cavado por Didier Zokora, do Tottenham, no mesmo final-de-semana. Saiu, esta semana, que Zokora está sofrendo de um surto de malária e estará fora por um tempo, mas, enquanto um certo ex-nomeado da FA vê isto, indubitavelmente, como uma evidência de um procedimento baseado no karma disciplinar do trabalho, alguns de nós preferem que a justiça seja mais terrena podendo pensar sobre os “que defendem a reputação dos jogos”. Com amigos como estes, e assim por diante.

(The Guardian, http://football.guardian.co.uk/Columnists/Column/0,,1931425,00.html, 26/10/2006)