Sovietic News

Wednesday, September 28, 2005

Gazprom compra a Sibneft de Abramovich por US$13,1 bilhão

A Gazprom, monopólio de gás natural da Rússia concordou em pagar US$13,1 bilhão para tomar de Roman Abramovich a Companhia de Petróleo Sibneft, em desdobramento das compras feitas pelo governo russo de ativos que foram vendidos após a queda da União Soviética. A notícia do acordo foi reportada na Quarta-feira, 28 de setembro.

A aquisição da Sibneft dará ao governo do Presidente Putin o controle de 30% da quantia de petróleo bruto extraído na Rússia, o segundo maior fornecedor mundial, com preços próximos a alta recorde. Gazprom já tem as maiores reservas de gás natural do mundo e é a maior fornecedora estrangeira de gás da Europa. O acordo ampliará ainda mais a posição da Rússia.

“O Estado dirigirá todo o setor de energia na Rússia num futuro próximo”, disse em uma entrevista para a agência Bloomberg Cris Weafer, diretor de estratégia do Alfa Bank em Moscou, antes de o acordo ser anunciado.

A Gazprom irá pagar 3,80 por ação pelos 72,7% da participação possuída por Abramovich, 38, - homem mais rico da Rússia -, e seus sócios, de acordo com os cálculos da Bloomberg e baseados na afirmação do tamanho das cotas acionárias e do preço total que foi hoje divulgado pela estatal em Moscou. O governo vendeu 51% da Sibneft por 100 milhões ao final de 1996 antes de ela ter mudado de mãos e terminado sob controle de Abramovich. Não se conhece publicamente quanto da Sibneft Abramovich possui pessoalmente e quanto ele pagou pelas cotas. De acordo com a declaração de hoje, a Gazprom comprou anteriormente 3,02% da Sibneft por meio de sua unidade bancária, o Gazprombank.

Em seu pronunciamento a Gazprom não forneceu detalhes de como está sendo paga a compra. O porta-voz Sergei Kupriyanov disse que a companhia irá emprestar dinheiro, recusando-se a ser mais específico. Enquanto isso, como a MosNews reportou, dizem que a Gazprom segurou um pacote de crédito de US$ 12 bilhões de um consórcio de bancos do Ocidente incluindo o ABN Amro, Dresdner Bank e outros.

Autoridades russas estão concentrando o domínio estatal sobre a indústria de energia e criando companhias governamentais grandes o suficiente para competir com Exxon Mobil, British Petroleum e Royal Dutch/Shell. A compra da Sibneft irá mais do que quadruplicar a produção de petróleo bruto para 1,17 milhões de barris por dia. O Kremlin controla outros 1,5 milhão de barris/dia por meio da Rosneft de propriedade do estado, que adquiriu lucrativa produção da Yuganskneftgaz em um leilão estadual compulsório em Dezembro de 2004. Em seu conjunto, isso é mais petróleo do que o Kuwait vende.

O grande crescimento dos últimos 5 anos na produção de petróleo russo está cessando depois que o governo aumentou taxas e impostos e exigiu 28 bilhões em impostos atrasados para desmantelar a companhia de petróleo Yukos, a maior exportadora de petróleo do país no ano passado. O ex-presidente da Yukos, Mikhail Khodorkovsky, foi preso por nove anos sob a acusação de que ele pedia retribuição para apoiar os opositores políticos de Putin. “Uma decisão final sobre a Sibneft certamente irá quase engatilhar o fim do jogo para a Yukos, disse Weafer do Alfa Bank.

Gazprom está expandindo no setor de petróleo depois que o governo tornou-se majoritário em Junho. Somado à produção de óleo bruto, a capacidade da refinaria da Gazprom irá aumentar quase seis vezes, incluindo as instalações de Omsk, a segunda maior refinaria da Rússia neste ano. Sibneft produzirá cerca de 910.000 barris de petróleo/dia sob o controle do Kremlin, representando cerca de US$ 50 milhões por dia em rendimento.

As reservas da Sibneft foram avaliadas a US$ 6,13 um barril no final de 2004, comparado a US$5,40 por Lukoil, maior companhia de petróleo da Rússia, de acordo com Adam Landes no Renaissance Capital em Londres. Esses cálculos baseiam-se no valor do empreendimento das companhias ou capitalização de mercado mais débito em rede, e as reservas são ajustadas conforme a necessidade para atender aos padrões da SEC. As companhias de petróleo russas são de baixo valor sobre essas bases comparando-se com produtoras internacionais. Exxon Mobil, a maior investidora e proprietária de companhias de petróleo do mundo, está avaliada em US$ 20,05 por barril.

O presidente da Gazprom, Alexei Miller, apontado por Putin há quatro anos para dirigir a maior companhia russa, disse aos acionistas em junho que ele planeja construir a maior fornecedora de energia do mundo, gerindo de petróleo e gás a eletricidade. Miller, que trabalhou para Putin em St. Petersburg nos anos 1990, foi indicado pelo presidente para restabelecer o controle administrativo da Gazprom. Miller quer ter uma estabilidade de companhias como a Exxon Mobil, BP e Shell – as três maiores investidoras e proprietárias de companhias de petróleo do mundo – onde a extração presta conta de cerca de 55% do total da produção, disse então Miller. Após esta transação, será cerca de 11% de óleo e 89% gás.

Gazprom extrai cerca de 545 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, o equivalente a 9,8 milhões de barris por dia de petróleo. A companhia planeja fornecer 190 bilhões de metros cúbicos de gás para a Europa Ocidental em 2010, mais de 145 bilhões esperados este ano.

Putin, que disse aos gerentes financeiros no Kremlin em 2003 que terminaria com as limitações a acionistas estrangeiros, está procurando restaurar a confiança dos investidores após o governo ter arrecadado US$28 bilhões em impostos atrasados reclamados contra a Yukos. O governo proíbe estrangeiros de comprar cotas de fundos de ações da Gazprom, restringindo-os aos recibos de depósitos da Gazprom Americana, que são cerca de 25% mais caras do que as ações locais. O total do capital estrangeiro na companhia está agora igualado a 20%.

O monopólio de exportação de gás russo também planeja trocar ativos com parceiros internacionais, como a Shell, Statoil e BASF, para obter acesso a novos mercados. O governo disse a BP e Shell que elas precisam trabalhar com a Gazprom para exportar gás de campos a serem explorados no leste da Sibéria e na costa do Pacífico russa como as companhias internacionais procurando suprir a elevada demanda na Ásia.

(MosNews, http://www.mosnews.com/money/2005/09/28/gazprombuyssibneft.shtml, 28/09/2005)