Sovietic News

Friday, December 09, 2005

Inconfidência

OS BASTIDORES DA BOLA

DE PRIMA

INCONFIDÊNCIA

Renato Duprat, que fez a aproximação entre Corinthians e Kia Joorabchian, qualifica-se como homem dos investidores responsável por manter de pé a parceria. Quando indagado a dar o nome do coordenador dos investidores, disse: Boris Berezovsky.


TROCO

Kia Joorabchian rebateu as afirmações de Duprat. Voltou a negar que Berezovski seja investidor e disse que não fala com Duprat. Voltou a negar que Berezovski seja investidor e disse que não fala com Duprat.

Como ele pode dizer que cuida da relação da MSI com o Corinthians se ele não tem relação nenhuma com a MSI?”


(Lance!, 09/12/2005)

Monday, December 05, 2005

O Rei de Londres

MARC ROCHE


Até onde irá Roman Abramovich? A segunda fortuna do Reino Unido tirou a sorte grande, no final de setembro, no auge do boom do ouro negro. Vendeu para o conglomerado Gazprom, por 5,66 bilhões de libras (R$ 21,6 milhões), sua participação de 72% na Sibneft, a quinta companhia de petróleo russa. Essa operação lhe permitiu soltar sua última grande amarra industrial com a Rússia para se instalar definitivamente em Londres.
Desde então, na City (centro financeiro da capital), todo mundo se pergunta o que esse órfão nascido em Saratov, à margem do Volga, a 800 quilômetros de Moscou, vai fazer com essa bolada. Deve-se lembrar do afluxo de petrodólares árabes nos anos 70 para observar uma agitação semelhante entre os administradores de patrimônio. As intenções atribuídas a essa bomba financeira de efeito retardado alimentam as especulações mais loucas.
Uma entrevista? Impossível: saudações e encaminhamento cortês ao serviço de imprensa do Chelsea Football Club, comprado pelo magnata no verão de 2003. Os 400 milhões de libras que ele injetou -uma bagatela para a "amante" de um magnata desse calibre- transformaram o time, que sufocava no meio da classificação, em campeão da Inglaterra na última temporada.

EXÉRCITO DE LOBISTAS

Assunto encerrado? Voltemos nossos binóculos para a Millenium Suite, seu camarote no segundo andar da tribuna oeste do estádio de Stamford Bridge, em Chelsea. Divisamos um homem jovem, mal barbeado, grande, mas esguio, vestindo jeans e camisa azul, o rosto eslavo. Não demonstrando nenhum sinal particular de riqueza, o proprietário do Chelsea FC, 39 anos, está entronado numa poltrona aquecida que ele mandou fazer.
Mesmo com a ajuda de binóculos, é sempre fascinante ver uma lenda de perto. Mas, como os fantasmas ou os vampiros, as estrelas não se deixam captar. Roman Abramovich afirma não falar inglês, o que é no mínimo estranho para um homem do petróleo e formado em engenharia de hidrocarbonetos.
Na verdade, sua recusa em falar inglês evita que tenha que se dirigir a desconhecidos. Roman é um homem sem voz, que adotou o lema de outro petroleiro, John Rockefeller, fundador da Standard Oil: "Você só deve aparecer três vezes nos jornais: no nascimento, no casamento e na morte".
A chamada imprensa séria nunca se debruçou sobre as circunstâncias, no mínimo misteriosas, da compra do clube. É verdade que o dinheiro do CFC, que se tornou empresa privada, está protegido de olhares. Quanto às autoridades britânicas, fecharam os olhos diante desse dinheiro russo que cheira a enxofre.
Um silêncio ainda mais estranho porque o interessado havia se envolvido, em 1999, no escândalo da lavagem de dinheiro russo pelo Bank of New York. Ele se cercou de um exército de lobistas temíveis, sempre prontos para lembrar às autoridades que a circunscrição do complexo esportivo é muito disputada nas eleições. Sem falar no impacto nada desprezível do clube sobre a economia local.
Assim como a City, a Inglaterra continua sendo uma velha dama permissiva diante do fluxo de capitais estrangeiros em busca de investimento rentável.


VIDA DISCRETA

Em Londres, os Abramovich levam uma vida discreta ou mesmo apagada. Freqüentam pouco o "jet set" londrino e não são habituês dos grandes jantares dados pelas locomotivas da sociedade.
Se ele não se envolve na gestão cotidiana do clube, sua influência ali é cada vez mais palpável. Roman não deixou de assistir a nenhum jogo em casa e somente a dois em outras cidades. Graças a sua generosidade, os "blues" se lançaram numa grande aventura para alcançar o Manchester United, a fim de transformar o time em uma máquina de entretenimento, uma espécie de Hollywood da bola, a mais rentável do mundo.
Sua imensa notoriedade deixa todo mundo feliz. Sua brutalidade nos negócios passou para a cultura futebolística, como provam os diversos escândalos provocados pelas tentativas ilegais do Chelsea de recrutar diretamente jogadores e diretores sem o conhecimento de seus clubes. Alguns patrocinadores temem as repercussões da imagem negativa desses astros mercenários, comprados com facilidade.
O ativismo a favor de Israel já fez o Chelsea perder o apoio de seu patrocinador, as Emirates Airlines. É verdade que a companhia aérea de Dubai foi facilmente substituída pela coreana Samsung, devido à atração internacional do clube.
Além disso, o proprietário se tornou alvo da Uefa, que se preocupou publicamente com a dominação dos empresários vindos do leste sobre os clubes europeus. No caso de Abramovich, foi aberta uma investigação no ano passado sobre suas ligações com o time russo CSKA Moscou, do qual era o principal patrocinador.
De nada adiantou o oligarca manifestar sua boa-fé e multiplicar as demonstrações de bom comportamento. Ele constitui o alvo ideal para quem quer denunciar os efeitos nocivos do dinheiro, do sistema de astros e da globalização do "rei dos esportes".
Essa paixão declarada pelo futebol é a verdadeira natureza de Abramovich? Não há certeza. Na Rússia, Abramovich é conhecido sobretudo como fã de hóquei no gelo. Dois anos e meio depois de sua chegada a Stamford Bridge, lorde Roman de Chelsea ainda é um enigma.


A íntegra deste texto foi publicado no "Le Monde".
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.


(Folha de S. Paulo, Mais!, 04/12/2005, p. 6)